Em busca de um consenso sobre a reabertura do comércio não essencial em Várzea Grande, que está fechado desde o final de junho, o presidente da Fecomércio-MT, José Wenceslau de Souza Júnior, e representantes do comércio e da indústria do município, se reuniram com o juiz da Vara Especializada da Saúde Pública de Mato Grosso, José Leite Lindote, por videoconferência, na quarta-feira (21).
Wenceslau esclareceu sobre as medidas de prevenção que a entidade tem realizado junto ao comércio para proteger a saúde dos colaboradores, e dos clientes.
O presidente da maior entidade representativa do comércio, também alertou que os funcionários estão mais seguros dentro das empresas, onde são obrigados a se protegerem, do que quando estão na rua, local na qual acabam flexibilizando os cuidados.
De acordo com os dados da Secretaria Municipal de Saúde de Mato Grosso (SES-MT), em Várzea Grande em 25 de junho, início da quarentena forçada, havia 936 casos registrados, em 15 de julho, o número subiu para 2.308, um aumento de 138%.
Outro argumento apresentado é em relação à crise econômica e social que pode se instalar na cidade industrial, os pequenos comerciantes não possuem estrutura financeira para manter as empresas funcionando, e consequentemente o quadro de funcionários.
“Sempre tenho dito, por trás de um CNPJ, existem vários CPFs, pois inúmeras famílias garantem o sustento através do emprego, e com essa renda comprometida, o que deve acontecer com elas?”, indagou Wenceslau.
Somente no mês de abril, início da quarentena forçada, conforme dados do CAGED, em Mato Grosso, houve 14.700 admissões contra 27.100 desligamentos, totalizando um saldo negativo de 12.400 empregos perdidos. Em maio com a retomada das atividades, o saldo negativo de empregos foi de 892.
Diante dos dados apresentados e do apelo dos empresários, Lindote se mostrou aberto ao diálogo e preocupado com o cenário atual, tanto em relação à saúde da população, quanto à sobrevivência das atividades econômicas do município, por isso, se comprometeu a promover um debate nos próximos dias com o setor público, empresários e a sociedade para encontrar medidas que evitem a extensão da quarentena obrigatória.
“Estou sensível às consequências da pandemia na vida das pessoas, em nenhum outro lugar houve a necessidade da judicialização, mas em Mato Grosso estávamos à beira de um colapso devido à falta de UTIs, e aumento dos casos registrados da Covid-19. Espero que a situação mude, e que os casos de pessoas infectadas também reduzam. Mas desde já agradeço o diálogo, estou à disposição para ouvir os representantes dos setores produtivos”, disse Lindote.
O juiz completou afirmando que, “a responsabilidade de tomar a decisão, em relação à permanência da quarentena forçada para o comércio não essencial, não deve ser de uma só pessoa. Então o próximo debate será com a presença dos gestores municipais, membros da sociedade civil organizada, e lideranças do comércio e da indústria”.
Wenceslau agradeceu e elogiou a receptividade do juiz pela oportunidade concedida aos representantes em poderem apresentar o ponto de vista em relação à quarentena obrigatória.
“Estamos contentes com essa reunião. O Senhor ouviu com o coração e com a alma as nossas preocupações, e nos deu esperança de que essa situação será resolvida. Há tempos estamos buscando espaço para participarmos e sermos ouvidos nos comitês, nos quais se discute as ações de combate ao coronavírus, mas não conseguimos espaço”.