Em entrevista para o site “Foco Cidade” – presidente da Fecomércio-MT alerta para o aumento do desemprego devido ao isolamento forçado

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Como o comércio e os empresários estão enfrentando a pandemia do novo coronavírus no Estado e qual a perspectivas econômicas para o próximo ano. Este é o foco da Entrevista da Semana que conversou com o presidente da Fecomércio, Sesc e Senac em Mato Grosso, José Wenceslau de Souza Júnior.

Na entrevista, Wenceslau compartilha sua visão otimista para o mercado após a crise ocasionada pela pandemia, que para ele será um divisor de águas, explica seu posicionamento contrário ao lockdown; enumera as ações preventivas realizadas pela Fecomércio-MT diante da crise e detalha a articulação para revogar no decreto municipal de Cuiabá os itens de rodízio de carros e de CPF para atendimento no comércio, que na sua opinião causariam grandes problemas na Capital.

Apesar do otimismo a longo prazo, o presidente da Fecomércio-MT revela que como consequências da pandemia muitas empresas fecharão as portas e o comércio será o setor que mais demitirá em Mato Grosso.

Confira a entrevista na íntegra:

O comércio tem sido um dos segmentos mais prejudicados pela pandemia do novo coronavírus. Existem setores que estimam um nível de fechamento de lojas chegando a 50% no período pós pandemia. Na sua opinião, qual será o principal impacto do isolamento social no comércio?

Realmente vocês têm razão, o comércio é o que mais irá fechar as portas e o que mais vai fazer demissão. O comércio representa 54% do emprego no Estado de Mato Grosso e com a Covid-19 é o setor que vai gerar mais desempregos no Estado. Consequentemente serão empresas que irão fechar as portas.

Como o senhor avalia as medidas do governo federal como liberação de crédito e isenção de pagamentos como forma de sustentar o comércio nesse período de portas fechadas e horários reduzidos?

Avalio positivamente e essa é a função do Governo Federal, mas essas liberações de dinheiro através dos bancos oficiais e até bancos particulares está demorando muito para chegar na ponta para atender os necessitados que são os comerciantes e empresários que estão com falta de dinheiro em seus caixas. Esse pessoal está procurando os bancos e essa liberação de dinheiro ainda não chegou na ponta.

Na sua opinião o comércio deve reabrir?

Claro, o comércio não deveria ter fechado hora nenhuma. Então, com todos os cuidados necessários, usando máscaras, higienização das mãos tendo o comércio limpo, orientando como o cliente adentrar no comércio. É isso que nós estamos fazendo desde o início. Assim como na defesa do comércio, a Fecomércio tem sido uma importante ferramenta para orientar sobre a prevenção ao novo coronavírus. Criamos a cartilha de retomada ao comércio. Convocamos uma reunião com 80 formadores de opinião. Esses, receberam na entrada do auditório uma máscara e um kit de higiene. Nós fomos a primeira instituição a aderir à segurança da saúde de todos. Logo após isso, colocamos na rua a equipe de saúde da Fecomércio, Sesc e Senac, foi distribuído aos empresários e comerciantes o kit de saúde com máscara, álcool em gel, sabão líquido e também junto o nosso manual das boas práticas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde. Fizemos um arrastão no centro de Cuiabá e em cidades do interior que temos unidades. Nós distribuímos mais de 20 mil kits , orientando os empresários e colaboradores a recepcionar esse consumidor dentro da pandemia e pós-pandemia também. A Fecomércio foi contra desde o início o fechamento de todo o comércio do Estado de Mato Grosso.

Em meio à pandemia existem setores do comércio como supermercados que apresentaram alta. Na sua opinião, faltou criatividade de alguns comerciantes para se reinventar nesse período de quarentena?

Supermercados, distribuidores de alimentos e farmácias, são casos à parte. Como bares e restaurantes não estão abertos, pessoas que comiam fora voltaram a comer dentro de suas casas. Então com isso houve um aumento de quase 18% nas vendas dos supermercadistas. Mas é o caso de reinventar. Todos os comércios, os proprietários vão ter que reinventar a roda. Isso quer dizer que vão ter que pensar em um novo comércio. A Covid-19 é um divisor de águas, o antes era uma maneira de tratar o cliente, agora é uma nova maneira, com todos os cuidados e atenção a este cliente.

Qual a sua expectativa para o resultado final do comércio no ano de 2020 e podendo estender até para 2021?

A nossa expectativa é que no último trimestre de 2020 é boa, já a retomada do comércio, esse consumidor que ficou retido em casa ele estará precisando repor várias coisas da sua casa, do seu uso pessoal, seu carro. Então os números nos mostram que o último trimestre de 2020 já haverá uma recuperação gradativa do comércio. E, em 2021 sim, o comércio vem com todo o vapor. O empresário tem que estar preparado para receber este consumidor que estará sedento por compras em 2021.

Sobre a Justiça ter aplicado o lockdown em municípios de Mato Grosso, qual o posicionamento da Fecomércio?

O nosso posicionamento com relação ao lockdown é sempre contrário. Os nossos governantes deveriam ter feito o dever de casa, feitos testes, entregado para a população o kit para preparação e não ter dado o lockdown.

Como avalia o desenvolvimento de estratégias e políticas públicas pelo governo voltado ao comércio mato-grossense?

O Governo do Estado, como quase todos os outros governos, começou errado sob o olhar da Fecomércio-MT. Receberam muito dinheiro Federal e não fizeram o dever de casa. Era para preparar o ambiente, distribuir kits de testagem em massa para a população e fazer o kit de prevenção da Covid-19, e, isso não foi feito. Ficou somente focado em hospitais, preparando as UTIs e faltou atender a população e fazer o primeiro atendimento a essa população.

A Fecomércio é uma instituição importante para a integração e fortalecimento dos comerciantes mato-grossenses, principalmente agora que toda ajuda é bem-vinda. Existe um planejamento da Fecomércio, a exemplo de sugestões a serem encaminhadas ao Governo Estadual, para minimizar os impactos da crise causada pela pandemia no setor empresarial?

Logo no mês de março, início da pandemia, com a cartilha da retomada do comércio, a Fecomércio já fez várias solicitações de ajuda ao empresário e ao comerciante. Nós sabíamos que a primeira onda da pandemia ia ser menor do que a segunda que seria a quebradeira de vários empresários e comerciantes, que não abririam mais as suas portas. Nós demos sugestões para a Assembleia Legislativa sobre energia elétrica e água. Nós pedimos que por seis meses não houvesse corte de água e energia elétrica. A Assembleia Legislativa transformou isso em lei. E outras sugestões para as instituições bancárias, que nós já enviamos para os governos do Estado e Federal.

Todos sabemos do dilema que tem sido proteger a vida e manter o comércio aberto, empregos e a subsistência das pessoas. Em casos extremos muitas empresas funcionam com portas fechadas e tentam driblar a fiscalização. Como o senhor avalia e a Fecomércio tem orientado os comerciantes?

Nós não conhecemos nenhuma empresa que tenha feito isso, nós conhecemos as pessoas e empresas que estão trabalhando com delivery. Então as portas estão fechadas, mas são empresas legalistas, trabalhando com delivery, pela internet e telefone. Mas o delivery não sustenta as empresas, ele consegue atingir de 10% a 20% do faturamento, então essas empresas estão tentando sobreviver através do delivery e são legalistas fazendo esse trabalho dentro da lei.

Como o senhor avalia um período pós-pandemia para os empresários e a economia do nosso Estado? É possível um cenário otimista?

O pós-pandemia, a história fala por nós. Sempre após uma guerra ou uma grande crise, a economia retorna muito forte. Por isso, nós estamos falando que no último trimestre de 2020 haverá uma retomada da economia e em 2021 sim, a economia virá com muita força. Há um comércio reprimido, o brasileiro não está acostumado com uma taxa Selic de 2,25 ao ano, então esse consumidor que está com o dinheiro investido nas instituições financeiras, esse dinheiro vai ser sacado e investido nele mesmo como a troca do carro, ajuda a familiares, na construção civil. Então a economia retorna com muita força em 2021.

Presidente, na última semana Cuiabá foi surpreendida por mais um decreto onde estava previsto o rodízio de carros e de CPF para atendimento no comércio. A Fecomércio-MT foi contra a medida. Qual a tratativa da entidade com o assunto e com o prefeito?

O prefeito Emanuel Pinheiro soltou esse decreto sem comunicar as entidades representativas do comércio, sem trocar opinião e nós junto com outras entidades nos posicionamos contrários e na sexta-feira passada convocamos empresários para ir até à praça da prefeitura de Cuiabá, onde iríamos entregar para o prefeito um ofício das reivindicações nossas que era para retirar desse decreto o rodízio de placas de carros ímpares e pares e tirar uma coisa que ninguém entendeu até agora que era o rodízio de CPF na compra do comércio. Vejo que demonstramos o poder da união. Juntos com a Facmat, FCDL, Associação Comercial e CDL Cuiabá conseguimos com que esses itens fossem revogados, o que causariam um transtorno sem precedentes aqui na Capital. Agradeço ao prefeito por atender as nossas reivindicações. Reforço que estamos atentos às atividades relacionadas à abertura do comércio, tanto em Cuiabá quanto no interior do Estado.

FONTE: http://fococidade.com.br/materia/38818/o-comercio-e-o-setor-que-vai-gerar-mais-desempregos-alerta-jose-wenceslau

 

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