Em reunião com o presidente da Fecomércio-MT, José Wenceslau de Souza Júnior, representantes das escolas particulares de ensino infantil solicitaram apoio para a reabertura das unidades em Cuiabá.
O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Particular do Estado de Mato Grosso (SINEPE-MT), Gelson Menegatti ressalta que as escolas do ensino fundamental e médio conseguiram implantar o ensino online, mas no berçário é impossível, e na educação infantil a adaptação é mais difícil.
“Precisamos retomar as atividades ou a maioria das unidades fechará. O segmento possui cerca de 600 estabelecimentos, e emprega direta e indiretamente mais de 3 mil pessoas”, afirma Menegatti.
De acordo com Consuelo Campos, diretora de uma escola que atende alunos com idade entre dois e dez anos, a evasão escolar chega a alcançar em média 30%.
“Devido à pandemia, com a renda reduzida, e sem perspectivas de retorno, muitos pais têm desmatriculado os filhos. Com isso, a inadimplência também está alta, porém mesmo com a redução no número de matriculados, o quadro de funcionários é o mesmo de antes da pandemia. A escola continua arcando com seus custos mensais, preservando integralmente o emprego dos colaboradores, e quitando as dívidas com os fornecedores. Mas em agosto não sabemos o que vamos fazer, já não temos mais caixa para honrar esses compromissos. E o mais preocupante é a qualidade do ensino que está sendo oferecido, que por mais que estejamos fazendo nosso melhor, o ensino a distância jamais se compara ao ensino presencial, além da preocupação com as nossas crianças especiais que não conseguem acompanhar as aulas online e até agora nada foi discutido sobre elas, essas crianças especiais estão esquecidas" , disse Consuelo”, disse Consuelo.
Para Marlene Duarte, coordenadora de uma unidade de ensino para crianças com faixa etária de três meses a cinco anos, os berçários estão sendo prejudicados, já que pela legislação é obrigatório o ensino a partir dos quatro anos. E ressaltou a preocupação com a segurança das crianças, pois os pais na sua maioria já voltaram ao trabalho e precisam dos berçários.
“Prestamos um serviço especializado que vai muito além de cuidar de crianças, trabalhamos com profissionais qualificados para o cuidado, desenvolvimento e aprendizagem, tão importante nessa fase da vida das crianças E isso vem sendo negligenciado, não está sendo levado em conta esse direito das crianças", pontua Marlene.
Na reunião, Nayara de Araújo, proprietária de uma escola localizada no bairro Santa Cruz, em Cuiabá, onde atende crianças do berçário ao ensino fundamental denunciou que a situação está aumentando o número de creches que estão atuando na clandestinidade, sem ter as mínimas condições de receber as crianças, mas os pais não têm outra opção para deixar os filhos enquanto estão no trabalho, e acabam optando por estes locais”.
A empresária completa afirmando que a maioria das instituições de educação privada já se adequaram aos protocolos de biossegurança estabelecidos para a retomada das aulas presenciais.
“O documento propõe medidas como distanciamento entre as carteiras em sala de aula, rodízio de alunos e de turno, inclusive os recreios e os horários de entrada e saída dos estudantes também serão por escala”, diz Nayara.
A Fecomércio-MT desde o início da pandemia tem atuado com medidas em prol de todos os segmentos produtivos junto ao Governo Federal, Estadual e Municipal, além de solicitar apoio às unidades bancárias, e concessionárias de saneamento e energia. A reabertura do comércio foi a principal medida da entidade, que em abril assinou um Termo de Compromisso que estabelece medidas de biossegurança que foram adotadas para a retomada das atividades econômicas na capital.
Por isso, o presidente da entidade, José Wenceslau de Souza Júnior acredita que seguindo os protocolos de saúde, é possível retornar as aulas.
“Temos o exemplo do município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, onde nesta semana, por meio de decreto, as aulas do ensino infantil e creches das escolas privadas retornaram, mas de forma facultativa e seguindo todas as medidas de segurança estabelecidas – para garantir a saúde dos professores, alunos e de suas famílias”.