Setores produtivos de Rondonópolis exigem participação nas decisões de combate à Covid-19

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Apesar das medidas de flexibilização do comércio serem adotadas com antecedência no município de Rondonópolis (MT), as decisões partiram exclusivamente do poder público municipal, ou seja, de forma unilateral e sem o diálogo com os setores produtivos. O próprio decreto que regulamenta a criação do Comitê de Gestão de Crise (Decreto nº 9.421/2020) não dispõe de nenhuma autoridade dos setores produtivos para deliberar sobre ações de enfrentamento à Covid-19. O posicionamento do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Rondonópolis (Sincom-Roo), Geovane Reis Sales, sobre as ações governamentais foram erradas e só penalizam ainda mais os comerciantes neste momento de fragilidade econômica. A entrevista para o Segmento Representado desta semana deu vez e voz ao presidente da entidade sindical no município, que vê momentos difíceis para a retomada das atividades econômicas e a urgente necessidade de se reinventar para permanecer no mercado.

Rondonópolis foi um dos primeiros municípios a flexibilizar medidas de restrição no comércio. Houve um diálogo entre o poder público municipal e a entidade sindical para que isso acontecesse?

Não houve diálogo nenhum. O prefeito é quem toma as decisões por conta própria. O setor produtivo está há três meses tentando fazer parte do comitê de gestão e ele não permite. E estamos na eminência de ser decretado, novamente, um fechamento total de boa parte do comércio, por questão do aumento dos casos aqui no município.

Há números do impacto que essa doença causou no comércio da cidade?

Estamos encomendando uma pesquisa para levantarmos esses dados na cidade. O que podemos adiantar, com toda certeza, é que houve um impacto sim no comércio, com demissões, queda nas vendas etc. O erro foi ter fechado o comércio no começo (em março), quando a doença ainda não tinha chegado, e o prefeito não ter se preparado para o salto de casos que estava sendo previsto para os meses seguintes (junho e julho), aumentando o número de leitos de UTIs, por exemplo.

Como o senhor tem visto a atuação de nossos governantes (municipal e estadual) nas tratativas para superar a crise?

Posso falar sem medo de que está sendo uma catástrofe, principalmente o governo municipal. Não temos visto nada, além de não se antecipar a chegada da doença no município, inclusive gastando o dinheiro de maneira errada. Não fizeram nada para prevenir o contágio, além de só informar a população e a classe empresarial por via decreto. Não chamou o comércio para ser parceira em nada.

A arrecadação no município teve impacto significativo considerando as medidas adotadas nos últimos meses?

Tudo indica que o município continuou arrecadando. O que a prefeitura fez foi atrasar por somente vinte dias a cobrança de impostos, a exemplo do IPTU. Além disso, o que teve também foi mais despesa para o comerciante, por meio de um decreto municipal onde em que um funcionário fosse detectado com Covid-19, o empresário é obrigado a testar todos os outros. E se daqui 15 dias outro funcionário apresentasse a doença, o empresário teria que testar novamente seus colaboradores. E sabemos que não é barato esses testes que seriam pagos integralmente pelo comerciante.

O que esperar da atividade comercial com o aumento de casos da doença e o retorno de medidas mais restritivas para o comércio em geral?

Vão ser mais momentos difíceis para os comerciantes e que se resumiram em fechamentos de lojas e aumento do desemprego. É sabido que existem segmentos que foram menos afetados pela pandemia, mas muitos outros vão fechar em massa, infelizmente.

Como o comércio local está se reinventando frente o comércio on-line?

O que dava para ser feito pelos comerciantes da região, em tão pouco tempo, veio com a ajuda das redes sociais, por exemplo. O consumo de forma on-line teve um aumento sim, prejudicando um pouco o comércio local. Alguns segmentos da cidade, principalmente o alimentício, se reinventaram com a ajuda do WhatsApp.

O que o Sindicato tem feito para combater e prevenir o contágio da doença no comércio na região?

O que temos feito é informar os comerciantes para seguir as recomendações das organizações de saúde, com medidas de biossegurança. A fixação de avisos nas portas dos estabelecimentos, explicando a importância do uso das máscaras, higienização das mãos com álcool (em gel), instalação de torneiras de água e o uso de sabão para prevenção do contágio da doença dentro dos estabelecimentos da região.

Como a entidade vê o papel da Fecomércio-MT neste período de pandemia?

A entidade que representa o comércio em Mato Grosso está preocupada com toda a classe. A exemplo dessa entrevista que a Fecomércio-MT tem feito com as entidades sindicais para realmente ver o impacto dessa doença em nossa economia. Totalmente o contrário do que a prefeitura tem feito com a gente. Além disso, a federação nos fornece materiais de apoio como a própria cartilha de orientação para o comércio etc. São medidas de biossegurança para a retomada do comércio no estado.

Como está sendo o papel do dirigente sindical neste momento de pandemia?

Estamos, literalmente, arrancando os cabelos de preocupação com a situação em nosso município. São ligações, dia e noite, de empresários preocupados com o seu comércio. São poucos meses nesta situação que parecem anos de atuação à frente desta entidade de importante atuação.

 

 

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